No regresso a casa, começou. A chuva. Que anuncia o Outono. Lembrei-me, lembro-me sempre, é reincidente, todos os anos, por estas alturas, por estas primeiras chuvas, de um filme esplêndido do Ingmar Bergmann: Sonata de Outono. A música, as leituras, a serenidade dos espaços interiores, conjugavam-se, na perfeição com a chuva que no exterior visível diversas vezes no filme através de grandes janelas, marcava aquele tempo, aquela época. Uma verdadeira sonata. É desse ambiente, desses espaços que me apetece falar, ou não falar e guardar para mim, quando chegam estas chuvas. Quando, na convulsão da confusão criada, talvez um tanto artificialmente, por políticos e meios de comunicação, me apetece, compulsivamente recolher-me...apreciando e deliciando-me com a chuva lá fora, com a música e a leitura cá dentro. Hummm, o cheiro da terra húmida (dos actinomicetas- bactérias filamentosas, que com tal designação tão hermética são de facto os organismos responsáveis pelo aroma a terra molhada, por estas ocasiões), as cores que transparecem com o seu brilho especial e próprio, intensificadas pela limpidez que a chuva vai deixando pela sua passagem, a luz, tão apropriada ao recolhimento, à reflexão. Ciclicamente é tão fundamental e urgente, retirarmo-nos, silenciarmo-nos para respirar de novo e ganhar novas energias e vontades! Para não "passar cartão" a notícias sem relevância, como as dos últimos dias!

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