Portugal aos saltos.

Portugal quer dar um salto. Tecnológico, económico, talvez também cultural e social. Queremos todos. Não apenas Sócrates- o téorico...até assusta...- mas todo o país anseia por tais "saltos".

O exemplo, segundo os novos governantes vem da Finlândia.

A Finlândia é um país nórdico, bem ao Norte da Europa por sinal, com uma cultura, individual, familiar e social bem distinta da portuguesa. Tudo bem. Não me preocupam tais diferenças, se soubermos adaptar algumas medidas que se hão-de pretender tomar, implementar, à nossa realidade. Mas principalmente há que ter em conta que vivemos numa economia aberta, internacional, muito susceptível às influências internacionais.

Mas o que quero aqui deixar é outra coisa, outras ideias. E perguntas.

Acho que é uma excelente ideia copiar bons exemplos de outros países, que há dez anos não eram assim tão desenvolvidos, e deram um grande, enorme “salto”. È o caso da Finlândia.

Ninguém mais do que eu anseia por que Portugal consiga também dar um passo de gigante como aquele, e em dez ou quinze anos colocar-se no grupo da frente dos países avançados.

Mas, desculpem-me, tenho neste momento ainda as minha dúvidas. E só as explano aqui por que considero que é necessário duvidar para depois se poderem eliminar ou minorar as dificuldades e lograr o tal objectivo de gigante.

Nunca fui crente das virtudes dos partidos socialistas. Só por uma razão: todos os exemplos que até hoje conheci, deram mau resultado, mesmo em países nórdicos, como a Suécia. Este país avançou social e economicamente desde a Segunda Guerra mundial, altura em que era dos mais pobres na Europa. Mais pobre do que Portugal. Tal como a Finlandia, a Suíça...e tantos outros. Terá sido o solcialismo/social-democracia a alavanca do sucesso? Não me parece. Nessa altura, porém, a social-democracia (que naqueles países sempre foi mais à ‘esquerda’ do que até o nosso PS de hoje!) fez todo o sentido. Tinha-se acabado de sair de uma guerra contra um adversário de extrema direita e o ambiente social nos países nórdicos e na própria Alemanha exigia políticas com um forte componente de preocupação social, mais do que uma orientação economicista.

Dito isto deixem-me registar as minhas preocupações sobre todo o processo.

Não me parece que a Finlândia tenha efectuado um aumento de impostos, no momento que se posicionou para dar um grande salto no seu desenvolvimento.

Não me parece que na Finlândia se tenha prosseguido numa política de revanchismo político (de que ainda ontem tivemos sinais em Porugal, com a decisão abrupta do regresso das Secretarias de Estado que Santa tinha descentralizado, num momento em que ainda não houve tempo ara efectuar uma reflexão séria sobre o assunto, e sem mais esperas, dando, assim a sensação de se ter tratado mais de querer contraria e contradizer do que de ter uma atitude séria sobre o assunto...).

Ainda hoje o embaixador finlandês dizia na rádio que um dos segredos do sucesso deles foi a verdadeira união entre forças políticas num sentimento nacional de trabalho para um mesmo objectivo.

Não me parece que Portugal tenha neste momento, já, os mesmos meios de que disponha a Finlândia, ou até a Irlanda, para lograr o salto tecnológico: nível mais elevado de impostos, energia mais cara da Europa, forte dependência energética do exterior, sem energias alternativas no horizonte próximo (e quando chegarem será para “meia-dúzia” de empresas/indivíduos já auto-colocados nessa linha...)

Tenho as minhas dúvidas sobre o sucesso com estes políticos (‘hmmm, maior preocupação com aspectos financeiros do que económicos ou educativos...estranho...’; maior preocupação com afrontamentos políticos e atitudes teatrais de pseudo-secretismo/pseudo-eficácia, hmmm!)

No entanto desejo, ardentemente, o sucesso deste plano, de que espero o arranque ainda antes do Verão- caso contrário já se adivinha que tudo foi mais cosmética do que uma coisa concreta).

Não pretendo que o meu país seja apenas um destino turístico. Temos de ter actividade produtiva forte, inovadora e concorrencial.

O meu voto de confiança...para já (hmmmm...)

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