Um filme antigo

Setúbal fica a apenas quarenta e cinco quilómetros de Lisboa. Foi no passado uma cidade industrial e ainda o é hoje, em grande medida. Mas tem sabido mudar um pouco a bas da sua actividade económica, levando consigo a vida profissional dos que lá habitam. Ainda subsistem grandes problemas laborais e sociais naquela cidade, onde o desenvolvimento cultural tem chegado serôdio e não muito estimado, ou compreedido.

Assim tento eu entender e explicar o ambiente e os sinais desse mesmo ambiente a que ontem, tarde de Domingo pude assistir no Fórum Luisa Tody. Um vestusto teatro dos dias do "antigo regime". tneho de escrever "antigo regime" entre aspas, dado não ter sentido uma grande evolução social e ainda menos, cultural, no que pude presenciar.

Explico-me: fui a um concerto do grupo de crainças e jovens que constituem uma das melhores no seu género a nível nacional ou mesmo europeu. Um concertos dos Violinhos e em colaboração com os Paganinus, uma orquestra congénere, também de violinos, do Conservatório de Setúbal.

Corrido "o pano" surgiu uma jovem apresentadora, toda ceriminiosa, muito direita, na sua postura no palco, de coluna e de dicção. Esticava as palavras e quase que as dizia só com os gestos labiais, como se estivesse com a boca seca...ou a fazer uma estranha linguagem gestual.

A senhora (nestes casos dizia-se a" menina", nos idos do antigamente do 'Estado Novo') lembrou-me uma típica apresentadora do Festival da Canção da Figeuira da Foz. Transmitido pela Emissora Nacional. Cabelo esticado, vestido preto liso e lenço cor-de-vinho a cair pelo pescoço ao longo do vestido, pernas esticadas, voz esticada.

Falava com solenidade e parecia custar-lhe o que dizia. Teria estudado o texto de apresentação, mas não parecia. A cada palavra um elogio, também ele esticadinho. Solene.

A menina paracia um filme antigo...teria sido congelada há 40 anos e recuperada agora?

As crianças (as meninas) do grupo de Setúbal apareciam vestida com uma bizarra fard, em veludo vermelho, a que le,brava algo entre o traje de um cardeal e um vestido tirado de um cortinado que a D. Merícia (ineventei o nome para uma suposta senhora, também ela recentemente recuperada do processo de congelção prolongado, após um sono de 40 anos) tão dedicamente imaginara e produzira, com a juda da vizinha Arlete-mãos-ouro, para a sobrinha-neta aluna do referido Conservatório. Valha-me Deus D. Merícia! Coitadas das crianças...

Ao final do concerto, antes da última musica, fizeram-se três discursos. Solenes, ou quase, ao menos dois foram mais jovens, pois eram jovens professores daquelas crianças.

Tudo aquilo me pôs a pensar nas diferenças que em Portugal existem entre as grandes metrópoles e as pequenas cidades. Em termos de ambiente e desenvolvimento social. Em muitos locais de Portugal parece que o país parou, de uma assentada, há 40 anos...

Os gostos popularuchos, que dão as famosas audiências televisivas, que alimentam novelas e concursos (ahh, e reality shows!).

O tédio que é para as pessoas e a incompreensão, também, assitirem a um concerto de música clássica!

O público em parte não estav ali á vontade, sentia-se que estavam entre o espanto do que lhes era dado assistir e a ansiedade, de se porem a andar dali para fora.
E isto não é assim mesmo aqui ao lado em Espanha, muito menos em França, Inglaterra, Alemanha, Austria, Rep. Checa, Hungria, etc...

Não é assim, não apenas com a música erudita. É também distinto, com as leituras- de jornais, de livros de revstas- com outro tipo de concertos, com teatro, etc.

É aliás diferente em Lisboa e no Porto. E também noutras, poucas, cidades mais pequenas, como talvez Coimbra, Viseu...

Temos mesmo diversas velocidades no nosso país!

Aquilo ontem a 40 quilómetros de Lisboa foi um "filme antigo"

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