Educação Musical democrática?


A Ministra da Educação é um dos membros do Governo que, ao início da sua actividade, foi tida como eficiente, pragmática e competente. Rapidamente, através de um série ainda interminável de disparates (retirada do exame de Filosofia para entrar na Universidade em... Filosofia, e noutros curros afins, as famosas aulas de substituição que, ainda hoje, ninguém vê como úteis …)

Nos últimos tempos a Ministra tem dado crédito a estudos, perfeitamente irresponsáveis, apressados e até mesmo idiotas, como a Reforma, que nunca é aplicada como anunciada, tal como TODAS as reformas do infeliz e incompetente Governo do Eng.º Técnico José de Sousa (para não insultar a memória do ilustre filósofo grego)e, mais recentemente, as anunciadas, ainda não legisladas, medidas sobre o ensino especializado da música.

Quer o ministério, impor, estilo quero-mando-e-posso, muito ao gosto de José de Sousa, que as escolas ensinem música em modelo integrado. E deixe de haver ensino gratuito, entenda-se subsidiado pelo Estado (que somos nós, sendo o Governo apenas uma parte, pequena, mas executiva, parte a que se deve chamar, até pelo carácter transitório, e por isso com mais responsabilidades de “prestação de contas” e de exercício democrático, com mais propriedade Administração do Estado) nas actuais Escolas especializadas, tais como os Conservatórios, regionais ou nacionais. Assim, tais escolas passariam a ter de ser pagas, como se fossem privadas, mas pertencendo ao Estado. Só por aqui, o Estado pretende voltar ao mundo dos negócios, coisa que no sec. XXVI não se compreende…

Mas pior é dizer-se que, assim, se democratiza o ensino da música, quando o que faz é acabar com o esse mesmo ensino, num modelo competente, deixando aos jovens apenas a possibilidade de aprenderem uns toques de bombos, ou algo parecido. Nunca se imagine, a curto prazo, claro, uma escola secundária poder ensinar violino, piano, trompete, etc. Crianças, jovens a tocarem Bach, Bruch, Händel, Vivaldi, Lalo, Chopin, Schubert, Gluck, Geminiani, Fiocco, Saint Säens, para já não mencionar Beethovem, Rachmaninov, Kreisler...

Por todo o mundo o ensino da música, sério e com resultados até bem mais visíveis do que neste Portugal sem cultura, é possibilitado pelas ditas escolas, que a pouco culta ou informada ministra, tem como elitistas. Os portugueses, povo sem fortes tradições musicais, mas que ainda assim tem alguns concursos internacionais de renome mundial (violoncelo de Guilhermina Suggia, Piano de Vianna da Mota), descobrem agora, pela mão de um psicólogo de carreira universitária, de duvidoso gosto e duvidosa competência (social e não psicológica…que competência tem um Doutor em psicologia para estas matérias, Sr.ª Ministra? … imagino que as mesmas que eu mesmo… e não mais) que a música, num país aculturado nesta aérea deve ser democratizada.

Triste ministra, triste governo…tristes de nós, com tanta falta de democracia e de saber ouvir quem realmente sabe!

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