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A mostrar mensagens de abril, 2008

Manuela Ferreira Leite

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De repente o país político voltou as suas atenções para o PSD. Claro que existem as manifestações de 'apoio e caridade' habituais da 'área socialista (que continuo sem saber o que é, visto não partilhar com a dicotomia classificativa direita-esquerda, que já vem de 1789...e parece-me que um mundo que mudou em tanta coisa não observou suficientemente que, nestas questões políticas esta arrumação das ideologias - ainda as há? - já não faz sentido). Agora assiste-se ao pseudo-caos de um partido que tem andado com, não diria sem rumo, mas pouca orientação desde Cavaco Silva. Está o PSD a pagar os erros de Durão Barroso, demasiado ocupado em chegar ao poder e servir um tanto a sua vaidade pessoal, os desmandos de Santana Lopes, que ainda não decidiu crescer definitivamente, os papéis demasiado arrumadinhos de Marques Mendes, a quem sempre lhe faltou um genuíno rasgo de 'animal político' que 'agarrasse' o seu próprio partido e Portugal em geral e, por último o err

Partido com classe

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O Instituto Nacional de Habitação despediu no mês de Abril quatro jovens com licenciatura que ali estavam há cerca de um ano, com contratos através de uma empresa de trabalho temporário. Logo de seguida o mesmo instituto contratou, provavelmente à mesma empresa, outros tantos jovens para desempenharem as mesmas funções. A hierarquia dessas jovens não tem qualificações, concretamente formação jurídica, mas o Estado prefere manter os seus quadros tal como estão, em lugar de fazer, ele mesmo, o que defende e apregoa para o sector privado. Tais jovens recebiam um vencimento de cerca de quinhentos e quarenta euros mensais, sendo que o Estado paga o dobro à empresa de trabalho temporário. Este não é um caso isolado. São milhares de jovens licenciados pelo país fora em situação idêntica.   Estes são os contratos que o governo de um Partido Socialista, um partido com classe, nas palavras de Clara Ferreira Alves, tem administrado, através de uma figura sinistra como Vitalino Canas. O mesmo

Abril: 1974, 2008

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Tal como já aqui deixei um breve testemunho, vivi o 25 de Abril de 1974, de forma muito intensa, porque, nesse dias, se me revelaram dois mundos. O do meu país, que se libertava de um regime não só totalitário, policial, vigilante da vida do quotidiano e castrador de iniciativas e inteligências mais libertas, como também cultural, social e economicamente anacrónico. O outro mundo que se me revelou, foi o meu próprio interesse pelas coisas à minha volta, por um país ao qual pertencia, um mundo no qual vivia. Um interesse que não mais cessou. Mas passados estes trinta e quatro anos, verifica-se a mesma onda de tomada de posse pelo '25 de Abril', por parte um Partido Comunista que, ortodoxamente, se recusa a viver o tempo que temos, o Século XXI. Passados estes anos, o PC sente-se proprietário do movimento que, afinal era constituído maioritariamente por militares não comunistas, se é que havia algum comunista no momento desse dia. E surgem-nos de novo as ditas ‘figuras’ do 25 de

Nós e os 'outros'

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A que outros me refiro? O primeiro pensamento de quem se dá ao trabalho de me ler, deve ser de que se trata de um texto de psicologia, ou quem sabe, de sociologia até. Mas não que nesses temas não sou versado, e em muitos outros claramente, também. Filosofia pragmática talvez? A filosofia prática dos descendentes de Dewey? Na realidade, acho que queria, tão só, elaborar numa provocação a algumas pessoas conhecidas, e fazer um pequeno jogo mental, através (preparem-se ou desistam, isto é capaz de ser um tanto extenso…). Queria com este ‘outros’ abordar uma acepção diferente do vocábulo. Este ‘outros’ seria destinado aos não humanos. Animais e plantas… Porquê? Que nos distingue desses ‘outros’? Dos animais e de outros seres vivos? Muita coisa, evidentemente, mas talvez não tão complicado como possa parecer à primeira vista, do ponto de vista teórico. Filosófico, se quiserem. Umas diferenças essenciais é a nossa infindável capacidade de complicação. A complicação é intrinsecamente humana.

Tu

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Há dias em que me meto a ler, embrenho-me o mais que o meu esforço me permite. Mas passado algum tempo regressa a desconcentração. Volto então onde já estive, ao meu caderno de escrita. Por uns breves segundos olho o papel, as linhas vazias, e, sei que me sairá alguma coisa, um texto…mas não, não o texto que quero, não o que queria dizer-te. E, afinal, posso escrever o que bem me apetecer, fazer jogos de palavras que joquem contigo. Porque, afinal, tu não sabes se é contigo que comunico. Sei que pensas que és o objecto dos meus textos, mas escrever, tem destes luxos, destes privilégios. Não sabes, não se sabe, para além de mim mesmo, se me dirijo a ti. Claro que sempre me dirijo a ti. Ou sim? Mas a quem, de facto? A ti que mereces os meus textos, mesmo que, apenas, quando eles são algo de razoável? Ou … a ti que não queres saber de mim? Ou a ti que nem me lês?. Pois o meu refúgio é este. Escrevo e falo para um “tu” quem nem tu sabes se és tu, ou se até mesmo existes. O privilégio do es

Encosta-te a mim

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Esperava-te com aquela mesma impaciência que me agitava, sempre que chegava antes de ti. Mas com a mesma certeza de que virias para o meu lado, desfrutar da beleza da nossa paisagem, tão plena de energia, como de luz e promessa. Enquanto não vinhas ia-me deleitando com tudo à minha volta. O sol que espalhava baixo e sereno, os raios quentes, redondos de veludo aconchegante. Como um mel amarelo de sonho e esperança. No verde das ervas em redor, a luz amarela atravessava a clorofila deixando uma imagem que percorreria séculos. Esse contraluz lindíssimo que me aquecia e apaziguava, enquanto me deixava ali ficar para ti. Um vento suave e doce agitava-nos carinhosamente e refrescava-nos, dando força para resistir ao que podia ser mais um dia quente. Ao ritmo dessa balada da brisa as ervas faziam a dança do costume, num abraço intemporal e reconfortante. Tudo perfeito para que tu chegasses. E vieste! Abriste-te para mim em toda a tua cor, linda como sempre! Quando te vi, mal podia acreditar,

Ri de nós...?

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Não sei que país este Governo vê ou quer fazer ver mas sei isto: · Portugal é o país que apresenta o maior fosso entre ricos e pobres em toda a Europa, incluindo os países do Leste europeu mais novos na União. Este afastamento entre os mais ricos e os mais pobres aumentou todos os anos com este Governo. Os ricos têm vindo a ver a sua riqueza aumentar cerca de 16% em média por ano. · A grande maioria dos novos muito ricos de Portugal é toda socialista, filiada. O Governo tem conseguido um controlo da economia privada, que até Salazar invejaria Somos o país mais afectado pela crise financeira internacional, tal como eu já havia dito (em Janeiro); · Temos os salários com menos poder de compra da UE. Este ano todos os não-ricos voltaram a perder poder de compra e muitos vêm os seus aumentos devorados por uma inflação crescente; O Governo conseguiu controlar o défice público apenas à custa de impostos; · O custo da alimentação tem vindo a subir e não parará t

Muro

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Onde éramos uma pedra de calçada, passámos a ser muro. Nós mesmo o muro. Não um que fizeram, ou nos levantaram no caminho que entretanto, descansadamente, seguíamos. Não. Também os há. Esses que se interpõem entre o melhor de nós e para nós, e o menos bom do nosso passado. Mas este muro somos nós mesmos. Ou somos parte dele. Vamos lá a ver. Deixemos estes plurais, mesmo que um muro, desses tradicionais fortes, de pedra, seja de várias de nós feito. Falemos como se deve. Eu sou parte desse mesmo muro, intransponível. Porque ele é feito de mim, e não é material. Sou a barreira de mim mesmo. Que não me permite avançar. Se fosse um desses normais, que alguém me tinha interposto…seria, como ali atrás se diz. Um que se poderia vencer. Ou na pior situação, ficar à espera. Esperar. Que esse tal tempo, de que todos falam, que tanto e tudo resolve, me viesse também, a mim, que sou igual a tantos e tantas, tirar este muro feio, este muro doloroso, da minha frente. E seguiria o meu caminho. Pois.

A mente desconhecida

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A propósito de um livro de Howard Gardner, o famoso psicólogo de Harvard que dirige um dos mais dinâmicos grupos de estudo sobre a inteligência humana( Project Zero ) e sobre psicologia educacional - um dos primeiros, Frames of Mind, The theory of multiples inteligences , mas que só agora estou a ler, onde é apresentada a sua teoria das múltiplas inteligências, sobre o qual ainda tenciono escrever algum texto mais, lembrei-me de vir aqui deixar algumas ideias sobre o conhecimento da mente, de hoje e de ontem. Sobre a nossa mente, humana, ou seja a nossa e o conhecimento da daqueles com quem nos relacionamos. Temos todos quotidianamente a noção do nosso controlo sobre a nossa própria mente. E, se não temos a mesma ideia sobre a mente dos outros, pelo menos actuamos com frequência como se assim fosse. Nas análises, tantas vezes sumárias e injustas ou, pelo contrário, na aceitação com alguma ligeireza, de outras pessoas. Saliente-se a distância entre mente e actuação, entre pensar e agir

Momento

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Há momentos para que as coisas, certas, nos aconteçam. Por limitação ou mania, esta é uma das minhas ideias mais frequentes. Defendo, ou acredito, mas não me perguntem se o confirmo ou não a cada instante, que para que se tenham as atitudes e tomem as decisões adequada há sempre um momento, passado o qual, já as condições ou factores mais favoráveis, podem ir passando ou já ter passado. Considero a minha própria experiência pessoal, sentimental, talvez na maioria das situações, mas profissional em muitas outras. Por vezes, muitas até, não me refiro às minhas próprias decisões. Mas às de outros. O que hoje nos parece, a mim ou a outros, demasiado cedo, amanhã pode vir a mostrar-se tarde de mais. É uma decisão sobre uma relação sentimental ou íntima. É sobre uma amizade, o nosso empenhamento nela, ou o estarmos disponíveis para um amigo, ou irmos ter com alguém no momento certo. É aquela decisão sobre um assunto profissional. E isto afecta todos, seja em que plano for. E afecta os deciso

O que há na nossa tela?

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Pintar. Voltar à tela dos nossos registos e das horas absortas do mundo à volta. Voltar a esse pequeno mundo de imagens só nossas feito egoísmo pela melhor das intenções. De uma tela vazia, como o que temos dentro de nós, iniciarmos um novo trajecto pela mesma. Um caminho mentalmente percorrido dezenas, centenas de vezes. Os traços alongam-se, alargam-se, combinam-se, afastam-se e juntam-se. De novo. E voltam a divergir. Como os nossos próprios neurónios. Como os caminhos dos impulsos eléctricos neles percorridos. Os traços das nossas experiências. As imagens entretanto criadas. Passar à tela uma certa experiência. Uma vivência, mas que se quer alegre. Positiva. Lá, não se pretende nada de menos feliz. Nenhuma cor negativa. Só existem cores positivas. Tal como pensamentos que só os há, positivos. Não existem os negativos. Mas a negação dos de sinal mais. Não se conte ver uma não-tela. Ou uma não pessoa. Uma saber de uma não-experiência ou momento. Mas apenas da ausência delas. Ou passa

Acordo do desacordo

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Nos últimos dias voltámos a assistir a uma (limitada, infelizmente) discussão (quase, pretensamente) nacional discussão sobre o Acordo Ortográfico. Pretende o Governo, o PS e o Ministro da Cultura, de quem alguém havia esperado muito de bom e eu, talvez já bem mais (tristemente, talvez) céptico sobre individualidades ligadas a um Partido conservador, obtuso, monárquico, fechado, arreigado a tradições pouco democráticas, narcisista, arrogante, totalitário (no sentido de abranger sobranceiramente as ideias e opções em lugar dos outros), plano (no sentido de básico, sem rugas ou irregularidades saudavelmente dissidentes internamente) sempre disse que este Ministro seria ainda pior do que a anterior. Pretende-se, pois, que com este Acordo, a língua se tornará mais entendível, homogénea, plana (lá está…) regulamentada (a pior das ideias precisamente sobre uma língua como veículo base fundamental de uma cultura) e universal (idêntica a “plana” no pior sentido, esmagadora das importantes e en

A sombra de Salazar

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Estamos em Abril. O mês da Revolução de 1974. Lembro-me bem desse dia. Ouvia na BBC as primeiras notícias sobre o Movimento nas Forças Armadas e do que se passava em Lisboa. No quartel do Carmo, onde estava Marcello Caetano. Tinha 14 anos e vivi o dia, como uma das grandes novidades da minha vida, do meu crescimento. Nesse dia, para além de, para o país se terem aberto novos e desconhecidos horizontes, abriu-se para mim um mundo novo. Descobri a política, a vida social a responsabilidade, pessoal e para com os outros. Descobri que havia uma forma de fazermos algo pelos outros, através de, precisamente vida e combate políticos. Saí no 1º de Maio de 1974 na primeira grande manifestação livre de há muitos anos em Portugal. Estava eu na Madeira, a minha terra. Ao meu lado na manifestação (berrava-se de punho no ar “o povo está como o MFA” e outras coisas mais) ia o dirigente regional da FEC-ML. Era meu professor na altura. Desde esses momentos sempre acompanhei e nossa vida política e muit

Pedra, apenas

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Talhada para fazer parte de uma calçada. De uma estrada que, como norma, deve conduzir a algum lado. Cortada como tantas outras. Parecia bem. Perfeita até. Tentaram enquadrá-la, combiná-la inserindo-a, entre as outras na calçada.. Não foi possível. Podia ser perfeita, ou parecer, mas não serviria para aquela calçada. Puseram-na de lado, empilhada num monte com outras. Anónima. Acompanhada mas solitária. Uma pedra mais, apenas. Voltaram a experimentá-la, ajustando-a o melhor que conseguiam mas ela recusava-se a ficar bem. Algo não a compatibilizava com as pedras ao seu redor na calçada que iam, pouco a pouco, construindo. Mas a estrada de pedras, todas iguais (bem, o mais possível iguais) teria de continuar. Rejeitaram-na. Foi atirada para longe dali, para um campo adjacente. Ela parecia mesmo sobrar. Estar a mais. Atirada sem mais escrúpulos para o prado ao lado da estrada, ali ficaria oculta nas ervas. Por muito tempo. A estrada concluída com as outras pedras. Todas excepto ela. Todas

Spring Sunset

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Tenho um fascínio especial pelas primeiras tardes de sol de fim de tarde, na Primavera. Um sol baixo, limpo, claro, que me traz do passado um pouco de nostalgia e saudade de momentos fantásticos, que sempre transportarei comigo. Mas este sol brilhante e belo, traz-me também o futuro. Parece, no final de um dia, em que algo termina com a promessa de renovação um dia após, que este sol único de todos os sóis do dia, me traz algo desse futuro. E porque é um sol fantástico, acolhedor, aveludado, só me pode trazer mensagens boas. Traz de certeza esperanças novas e algo que no seu indecifrável, me colhe no melhor de mim, no mais certo do meu optimismo e traz-me, também, um sereno sorriso à face. É um sol de tarde silenciosa, como o são as saudades, boas e más, mas que me dão essa vontade enorme de voltar aos sítios dos meus sentimentos bons, dos meus momentos acarinhados. Quero que este sol…leve a minha mensagem, a que me traz sempre, todos os anos por esta altura, de uma esperança sorrident