Neuromarketing


 

Uma empresa de origem inglesa, Phd, que actua na área do designado Neuromarketing, dito como sendo uma nova técnica, ou área,  de marketing que utiliza os resultados supostamente produzidos pelas neurociências para desenvolver estratégias de marketing que ‘falem directamente ao cérebro do consumidor’. O objectivo, segundo a directora da Phd Portugal já não é só ‘atingir as pessoas com os anúncios, mas descobrir como influenciá-las’ 

Da perspectiva científica é simplesmente fantástico estarmos a chegar a uma fase da evolução do nosso conhecimento sobre o cérebro, como nunca antes, devendo-se tal avanço a novas técnicas e cruzamento de conhecimentos, de outras matérias, para além da anatomia, como a neuroquímica e a psicologia. 

Mas se o nosso conhecimento já evoluiu muito, nos últimos anos, não será talvez suficiente para que as técnicas de marketing associadas ao conhecimento neurológico, sejam passíveis de se tornarem técnicas de sucesso, pelo menos antes de passarem mais uns anitos. 

Para a referida conferência, realizada no Hotel Ritz em Lisboa, convidaram o ilustre neurocientista António Damásio, que bem ao contrário do esperado, deu uma autêntica aula de neurologia científica, e foi explicando, que, afinal, os actuais conhecimentos na matéria ainda são incipientes para que se possam utilizar como base sólida na área da comunicação empresarial, publicidade. 

Damásio alertou para alguns riscos do abuso dos conhecimentos das ciências sobre o cérebro. 

Imagine-se a utilização, em futuro talvez não distante, por parte de políticos menos escrupulosos, de tais técnicas, ditas nessas circunstâncias, de manipulação e não de sugestão ou criação de influência. Parece-me quase uma antevisão do livro de George Orwell… 

Por vezes penso por que razão cada grande avanço da ciência nos coloca, d novo, na contingência de sermos violentados? Porque razões há sempre, ou há riscos de que haja, aproveitamentos menos lícitos, sob o prisma do humanitarismo, para as nossas liberdades e privacidades? 

Mas outra pergunta, mais prática me surge, enquanto escrevo: se as técnicas não evoluíram o suficiente, como disse Damásio, como surgem empresas ditas especializadas na área? Que resultados esperam alcançar? Que credibilidade esperam obter? 

O nosso cérebro é uma autêntica preciosidade, ainda muito indecifrável, mas de um tal complexidade que para se alcançar o seu conhecimento mais perfeito e integral, nem talvez em dez gerações… 

“Há uma imensa beleza nesta complexidade (do nosso cérebro), nesta fusão do racional e do emocional” diz Damásio. “Somos fundamentalmente uma grande confusão”, acrescenta na entrevista que deu ao Público, por ocasião da conferência. 

De facto, somos isso mesmo…um caos organizado, mas indecifrável.

 

Comentários

Impressionante que continuem a trás de fechar uma história tão velha...já nos anos sessenta se começou a falar de imagens passadas por segundos no meio de programas televisivos. Aparentemente os resultados são tão assutadores que as proibiram...muito pouco ética a utilização da cahve do cofre para abrir-nos a cabeça. Muito naif pensar que isso não passa pelo comportamento dos outros.
Pouco original a consultora, como se diz na argentina, un currazo bárbaro, um nicho comercial tão retorcido como o da minha psicóloga que quer ajudar a superar inibições.
Eu realmente a ler isto também so pensava no Orwell.
Quanto a argentina é de facto uma sorte conseguir sobreviver aqui, e é um país interessante.
Se gostas de tango electronico procura também os narcotango, que são muito bons, ou os Tango loco versões electronicas de canções dos beatles com cheirinho a tango.
O eleanor rigby é a minha preferida.
Um beijo e obrigada por todas as tuas visitas.

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