Viver agora ou 'deixá prá depois'




A propósito de uma mensagem de correio electrónico que hoje recebi, dessas 'em cadeia' (dessas que nos dizem que se enviarmos a quinze pessoas a Jennifer Connelly nos telefona ou o George Clooney nos envia um bilhete para irmos ter com ele a Paris-isto para as senhoras, que não gosto de misturas, ok?- ou ainda que o Bill Gates nos fez herdeiros universais em, apenas,  dez minutos), que pretendia falar ou doutrinar (exagerando) sobre a Felicidade. Dizia...que a 'felicidade não é um destino, mas um caminho'. Nem discuto. É fútil. Para mim, é, como outras coisas mais que, ao longo da vida, sentimos mais uma dessas grandes palavras, ou epítetos, com que nos comprazemos ou frustramos, em rotular acontecimentos e sentimentos.

Mas seja o que for, à medida de cada um, ou num padrão mais ou menos universal, se puder existir, é tido como coisa boa, muito boa, e, como a tal mensagem, defendo que deve ser procurada, identificada (porque tantas vezes é-nos vizinha...) e vivida HOJE. Ou seja... não ser crente de u,a certa forma de se estar melhor, ou de se ser feliz e, bem ao arredo de tal ideia, ser sempre infiel à mesma, leva-nos sempre a adiar o que no fundo, todos procuramos: se não for ser Feliz, pelo menos, Estar Bem!

Como a diferença entre usar os copos de cristal que nos ofereceram no casamento, ou mesmo usar o homem ou mulher ali ao lado, que nos daria um tremendo gozo e....quiçá a tal felicidade (para fazer rápido e sem delongas a viagem entre estes dois 'absurdos' extremos'), o melhor nunca é, desculpem-me os partidários da felicidade eterna num qualquer paraíso celeste incerto, ou os adeptos das vidas após a morte, nunca é...adiar!

Mas nunca! Se me querem crer. Se não, analisem de puderem as várias felicidades ao longo da vida, pouca ou muita que vão tendo. E comparem, sem medos ou subterfúgios. 

Uma pessoa muito amiga que muito prezo dilui os descontentamentos, frustrações ou infelicidades (terrenas) em querer para si uma espécie de vida em 'low profile'. Nunca entendi e já lho disse, mas sei que no seu caso se tratará mais de um muito inteligente estratégia de defesa psicológica, bem compreensível, por se tratar de alguém totalmente fora de série, de superior inteligência mas vítima de uma muito grave afecção psiquiátrica. E, por profunda amizade, não mais abordei tais temas.  Com esta excepção demarcada, volto a repetir, que nos demais mortais, lembremo-nos que, com ou sem vida post mortem, somos mesmo mortais! E nessas outras vidas, renascidas ou vividas nesse além maravilhoso e eterno (nem imagino a poplução de um tal lugar, algures entre uma nebulosa famosa e uma esquecida galáxia..e os problemas ambientais que já se devem ter gerado por excesso de espíritos perfeitos e eternos!!!...aliás em misturas  de judeus com católicos e muçulmanos, que até se me arrepiam as pilosidades decepadas, quanto mais as que me restam uiiii).

Pois eu, sofredor por opção e intransigente ser vivo com uma só vida conhecida, insisto em ser feliz, hoje e aqui. Seja a pintar um quadro, a galantear uma beleza feminina, uma inteligência fulgurante, a comer um chocolate ou até (imagine-se!) a castigar o corpo num ginásio, ser feliz não pode ser amanhã! Nada disso.

Os copos de cristal têm de se usar para beber 'água do Luso' hoje mesmo, e na cozinha desarrumada. Se aquela amiga especial ou um amigo influente que já não víamos há anos e até nos pode dar um jeito no emprego, ou mesmo o chefe pedante de sapatinhos amaneirados com 'escovinhas' duvidosas na visita que nos irá afzer tiver de beber em copos marcados pelo calcário na máquina ...que se 'amanhem' pois esses copos já deram felicidade, dias antes. Conta mais que mesmo com copos velhos, se receba a jeitosa vizinha divorciada de fresco e carente de afectos novos e juntos, se encontre nem que sejam uns dois minutos da querida felicidade. 

Se até o 'Socas' encontra escassos momentos de felicidade na economia portuguesa..bolas! O home é Engº!!!

Vá lá. Esqueçam o 'futuro' (não sejam chatos, nem me perguntem como se esquece uma coisa de que a memória não registou ainda nada...esqueçam e calem-se!) e sejam felizes, por...!

O Raul Solnado bem dizia...'façam o favor de ser felizes'

Ora bem, pensem no seguinte: amanhã vão pela rua e a empregada da Dona Deolinda ao sacudir o pó dos tapetes atira cum um vaso de secos pelargónios pela janela...e as nossa querida massa cinzenta será a vítima e só nos restam sete milésimos de segundo para pensarmos neste texto imbecil, ou talvez pertinente. 

Ou...prepararmos essa entidade incorpórea, que alguns designam de alma,  que nos habita, para a escolha entre a felicidade eterna da Capela Sistina ou a reincarnação do amigo sorridente Sua Santidade o Dalai Lama.

Eu, por mim, vou já tratar do meu quintalinho da felicidade logo logo após publicar este texto.


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