Sr. Ministro: mentir não lhe fica bem


A Dívida da Madeira. A Dívida externa portuguesa. O PIB nacional. Os princípios. A disciplina financeira.

De tudo isto temos ouvido falar nos últimos dias. E de muita mentira. A começas pelas de Teixeira dos Santos. Que, sendo Ministro das Finanças, não lhe assentam bem as mentiras. Só por disciplina de Partido? Só por clubismo? Mas o mesmo faz o PSD. Porquê a insistência sobre a Lei das Finanças Regionais? Porquê a insistência em sobrecarregar o Orçamento do Estado com mais dívida para a Madeira?

Não seria um bom princípio, sim apenas isso ou quase só um princípio (João Cravinho colocou muito bem o problema ao dizer que não se trata de discutir valores de reduzido significado- de facto, falamos de 600 milhões de Euros e não de cerca de 200 biliões que são a Dívida Externa de Portugal a valores de 2009, ou dos sete mil milhões que são a avaliação inicial do custo do inútil TGV...mas Cravinho foi o principal responsável pelo excesso de Auto-estradas que Portugal agora tem, enfim...). Porquê insistir numa alteração à Lei das Finanças Regionais, numa altura em que Portugal está cada vez a aproximar-se mais da bancarrota? Não devia a Madeira ser solidária? Não devia, por uma vez, preocupar-se com uma autêntica disciplina financeira?

Claro que isso não invalida a verdade dos números, que acabam, de vez, com a teoria de a Madeira ser a Região do endividamento:

Portugal deve ao exterior mais de 199 biliões de Euros (199.520.000.000 Euros, na estimativa mais optimista, e mais cerca de 208.800.000.000 Euros na mais realista. Mas há quem diga que a Dívida real, caso de Abel Mateus, por exemplo, um ex-ministro socialista, ascende a mais de 100% do PIB, ou seja bem mais do que 232.000.000.000).

Bem, se fizermos a conta da dívida por cada português, excluindo a Madeira e os Açores, teremos um valor de mais de 21.225 Euros por português, na melhor estimativa. Já a Madeira, que deve no máximo 1.800 milhões de Euros, por cerca de 290 mil madeirenses, dá um valor de cerca de 6.200 Euros. Como se vê...é o Continente o grande responsável pela Dívida Portuguesa e a Região mais endividada do país e, como tal, bem menos contributiva.

Outra falácia é comparar a dívida de uma Região como os Açores, com a da Madeira. Comparar uma Região em morte lenta com uma em forte actividade... e mesmo assim ficam os açorianos a perder, pois naquela Região Autónoma os desperdícios com subsídios de deslocação das Secretarias Regionais, com pagamentos por deslocação a funcionários, que depois não estão deslocados do local de residência, mas que continuam a auferir os respectivos subsídios, a atribuição de verbas sem fim produtivo e consequências que não sejam mais do que as do seu impacte social, como a explorações agrícolas, sem o mínimo de qualidade e salubridade para funcionarem, e a engenharia financeira que é feita para mascarar o verdadeiro valor da dívida...

Outra conta aponta para uma dívida da Madeira de mais de 4.600 milhões de Euros (contra menos de 1000 milhões, por parte dos Açores, conta esta feita e divulgada...pelo Governo Regional dos Açores), ainda assim dá uma dívida per capita para a Madeira de pouco mais de 15 mil euros, contra os mais de 21 mil dos 'continentais'...

A verdade por vezes custa, mas é fundamental.

Diferentemente, a estratégia do PSD parece-me tudo menos uma coisa inteligente. No final desta contenda, vai novamente sair o PSD com má imagem. É assim tão importante bater-se por um egoísmo cego do Governo da Madeira, que bem pode esperar por melhores dia?

Será que vale a pena, no momento em que este Governo de um PS tão incompetente, e que tanto custa em Euros como em Futuro (e em Liberdade e verdade, honestidade, etc) ao nosso Portugal, está a estrebuchar, comprometer uma possibilidade de mudança e renovação na política, apenas por clubismo estúpido e provinciano? Por estas razões, o PSD não devia ter esperado tanto tempo para iniciar um caminho de mudança de liderança, que pode vir a ser bem útil ao país.

E depois...terá o PS de fazer o mesmo, enviando este Sócrates anti-democrático e autoritário, tanto quanto incompetente e cego, por outro clubismo e sede de poder desgastante, para 'casa!

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