Cisne Negro

Parece que a teoria do Cisne Negro, de Nassim Taleb se aplica às nossas vidas. Taleb defende que (em economia) o que parece muito, muito improvável acontece mesmo. E que depois de acontecer, as análises que se fazem pretendem que ele seria, afinal, mais provável do que alguma vez seria possível.

Um dos casos apresentados é o do atentado contra as Torres Gémeas em Nova Iorque. Outra situação era a excessiva concentração bancária, que de facto levou a acontecimentos como falência do Lehman Brothers.

Nas nossas vidas, como na economia?

Pois, eu acho que sim. Há quem defenda que as coisas acontecem “se tiverem de acontecer”, ou acontecem “porque têm de acontecer”. Nunca fui apologista desta ideia demasiado determinística para mim, ou para a minha forma de estar. Pelo contrário, sempre me pautei por uma vida que é por nós mesmos determinada. 

Um dos problemas do determinismo, ou da sua forma mais obscura, é a superstição e o seu parente negro, as artes “negras”. Tendo ouvido tanta coisa nos últimos dias sobre este lado “oculto” das nossas vidas, que, para mim, sempre correspondeu a uma espécie de negação da inteligência, fico por vezes…um pouco sem solidez nas convicções, quando o “cisne negro” das nossas vidas, no-la ensombra com actos e com atitudes nunca esperadas. 

Continuo a negar um “oculto” que me parece uma criação da mente humana, como algumas outras crenças, mas há momentos em que reconheço que termos um recurso superior pode ajudar. Momentos de solidão inesperada, não apenas física, mas da que nos diz não termos alguém doutro lado que “comunica” connosco, ou nos quer, ou nos sente a falta. Ou, pelo lado do cisne, que alguém nos quer…fazer muito mal.

Não terá sido isso um pouco o que levou ao atentado ao Word Trade Center em NY? 

Haverá entres acontecimentos tão improváveis, apenas uma diferença de escala?

Por estes dias contaram-me de alguém, que conheci bem, que usa de “recursos negros” no intuito de desejar (fazer, não sei…acho demais) mal a alguém. Mas depois sei que esse alguém, potencial vítima de rituais ou interferências do oculto, até é mesmo vítima, em situações nunca esperadas. Um potencial cisne negro.

Este post tem a ver o o ser maquiavélico que ontem abordei. A pergunta mantêm-se: a quem serve uma maldade gratuita? E porque se dedicam algumas pessoas a práticas de intenção para causarem mal a alguém? Como retaliação, para que a “vítima” não consiga ter a sua felicidade, com outra pessoa, com a sua vida?

É uma improbabilidade muito possível? É um cisne negro? Ou uma predisposição será necessária, para que a potencial vítima seja de facto atingida? 

Será que um cisne negro atinge uma empresa inteira, como Taleb refere o Lehman? E se assim for e o determinismo nos comandar na vida, que faz a nossa própria cabeça o tempo todo?

Há até quem meta o Cosmos ao barulho e lhe dê emprego, como o fazedor de vidas e futuros.

Entre Cisnes, Cosmos e conspirações maquiavélicas, as crenças, a este nível, não religioso, podem ser efectivamente o perigo que nos espreita, quando menos espera.

Por mim, determinismos são uma postura perigosa.

Como se ouve dizer, “yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay…”. Ou então, a nossa rejeição de acontecimentos que não deviam ter acontecido, terá força para que nós mesmos determinemos o nosso caminho.

A uma escala maior, numa grande empresa, que significado teria, por exemplo num caso como BES?            

Aliás, nós mesmos podemos ser os cisnes como quisermos.

Penso que um bom princípio pode ser o esforço de não nos deixarmos soterrar em superstições e outros quejandos.

Cisnes Brancos, por favor e já! 

Quanto a estes, o problema é que têm de ser acarinhados. Taleb não se preocupa com estes. Os negros não são maus cisnes. Com branco e negro, o xadrez já pode começar.

 

 

 

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