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A mostrar mensagens de setembro, 2014

Um novo Paradigma para a Democracia (II)

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Uma Democracia nascida tarde, numa época em que todos os seus parceiros já viviam em regimes democráticos amadurecidos, com bases culturais sólidas, por comparação com a sociedade pouco informada e com uma cultura muito incipiente, quase exclusiva da classe média e alta, só podia vir a ficar refém de inimigos da mesma. Portugal viveu quarenta anos de Democracia, com todos os obstáculos que a permitiriam amadurecer ainda presentes ao dia de hoje. A corrupção, organizações secretas ou semi-secretas, sector financeiro, carisma de alguns políticos muito intensificados com todos este sistema e o passado (e presente). Mas é evidente que esta nossa Democracia tem mais "inimigos" que evitam que ela se estabeleça com solidez. A subalternizarão da sociedade ao poder económico, não regulado, nem pelo mercado, nem por um governo sem interesses conflituosos com ele, tem sido a chave de toda esta captura da Democracia e da Economia em geral. É este perigoso alicerce da Democracia

Estereotipar

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"Gostamos de pensar que avaliamos as pessoas enquanto indivíduos, e por vezes esforçamo-nos muito para avaliar conscientemente as pessoas com base nas suas características únicas" (in Subliminar" de Leonard Mlodinow). Mas estereotipamos... A estereoritipização que estabelecemos, enquadrando as pessoas, e até a nós mesmos, em grupos, raciais, sociais, sub-grupos, com base na cultura, positiva ou negativamente, na inteligência que julgamos saber avaliar dos outros, nos gostos (que também agrupamos), na ocupação do tempo de cada indivíduo, serve duas causas. A da nossa defesa e segurança intelectual, tornando-nos mais fácil uma rápida avaliação, antes de uma análise, necessária e necessariamente mais atenta e cuidada. A do erro grosseiro que devemos evitar. Todos fazemos erros parecidos, numa análise ligeira e superficial de outras pessoas, mas é a forma como o nosso inconsciente nos protege, numa aproximação rude sobre os outros. Mas a nossa mente consciente &q

Outono, um tempo outrora amado

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Sempre gostei do Outono. Nasci nele, acho que sempre me referiu uma expectativa de renovação, deste dos tempos de escola. Quando iniciava um novo ano escolar, a minha ansiedade crescia, na medida da curiosidade e do prazer do desconhecido que queria acontecesse. Novos conhecimentos, novos colegas, a dada altura...uma namorada nova talvez me esperasse. Mas eram expectativas, umas que se cumpriram, outras que talvez nem fossem importantes. Era um renovar de ciclo, a contra-ciclo, antes da renovação natural da Primavera.  Mas nem sempre o Outono me foi amigo. E, com alguma frequência me traz alguma nostalgia, provavelmente angústia. Havia tanto que queria se tivesse cumprido. E tanto de que tenho saudades. E de umas e outras coisas, tenho deixar que ciclos se cumpram, sejam-me favoráveis ou não. Mas estarei sempre cá. E seguramente mais preparado e forte. Não é uma confissão. Mas algo que...nestes momentos fortes, em que sinto a mudança lá fora, em que não me permito descansa

Um novo Paradigma para a Democracia (I)

Inserido na União Europeia, mas sendo apenas beneficiário de fundos europeus, sem condição de país contribuinte, Portugal tem vindo a sofrer as consequências das decisões de países (e dos seus líderes) que não servem ao país. Nem já, tão pouco, à própria Europa. Decisões que não servem sequer ao Mundo Ocidental, que não se inserem nas novas tendências que começam a surgir, ou que se impõe que surjam. O mundo liderado por tecnologia, por produtos de consumo de grande tecnologia, começa a mudar num sentido de mais conceptualismo, onde tais produtos podem não perder a liderança no consumo, mas terão de se adaptar a consumidores que começam a mudar. A Europa está bem longe destas tendências. Portugal, não tem capacidade de contrapor nada a esta Europa germanizada. Liderada pela Finança, que criou crises a seu próprio proveito. Todas as Economias, europeias, americana, japonesa, estão demasiado baseadas, centradas, num paradigma "errado" e anacrónico. As sociedades servem a Econ

Erros clamorosos. Líderes que nunca o foram

Portugal adora idolatrar. Há pelo menos três personalidades que foram tidas como líderes, um deles foi-o de facto, mas pelas razões mais pérfidas, outros nem bons chefes. E todos com a maior das malacias intrujadas em cérebros doentios. Salazar. Cunhal. Soares. Salazar ainda hoje é adorado. Muita gente o tem como um génio da Finança. O homem que inventou a solução austeridade que hoje repudiamos. Para resolver a crise que Portugal vivia, e por isso o foram buscar, aumentou impostos, extraiu dinheiro a quem não tinha e protegeu os mais ricos, com o mesmo argumento de hoje. O argumento de que tinha de poupar os grandes investidores para assim tornar possível o crescimento económico através deles. Resultado: uma profunda desigualdade ainda hoje enraizada na nossa sociedade e uma divisão social que, por exemplo no Norte da Europa, e mesmo em Espanha, não se verifica. Salazar nada tinha de génio, nem sequer de inteligente. Era uma mente doente, obsessiva, um rato de sacristia admirável

Há dias...

Há dias em que devemos remeter-nos ao silêncio, resguardar-nos do nosso mau humor, não responder a quente, não reagir a nada. Normalmente essa deve ser a atitude, nesses dias. Mas há dias em que penso se dever reagir a quente, exactamente para que alguma raiva passe para outro lado, que a merece. É o caso de hoje, quando leio que um dos empresários com melhor imagem (já sabemos que há muito photoshop nas imagens...) de boa pessoa, de pagar melhor do que na concorrência, que vem a público embuído de sensatez e algum espírito crítico, interpretando o que se sabe serem as preocupações dos portugueses e do país, esse empresário anda a perseguir funcionários, com o moderno instrumento de persuasão para o despedimento: processo disciplinar. Trabalhei numa empresa (a temperatura vai subir...!) em que isso foi feito com seis funcionários, logo depois de eu ter saído. Comigo nunca o fariam, simplesmente rasgaria o dito cujo no nariz do gerente, um ex-amigo de mais de vinte anos, uma dessas

As mudanças que nunca aconteceram

O Mundo podia ter mudado mais cedo? Mudado para melhor? E em que sentido? Ao analisar alguns momentos cruciais da História, permito-me concluir que tantas vezes este nosso Mundo, Ocidental e mesmo Oriental, podia ter mudado tantas vezes, quantas as que grandes visionários apresentaram as suas ideia, as suas visões, através de palavra escrita ou falada. Alguns destes nosso momentos de oportunidade, foram-nos dado por pequenas, ou não pequenas observações, de filósofos e cientistas, de homens e mulheres de saber, de gente inteligente, ou mesmo visionária, no sentido em que algumas pessoas conseguem, para além de uma inteligência acima da média dos seus contemporâneos, uma inteligência acutilante, apresentar uma visão...que mais tarde se vem a verificar. Não foram nada raras as vezes. Galileu, queimado por ser visionário, e por ter razão (e ainda nos espantamos quando hoje, tendo razão, somos relegados para um plano de esquecimento, num serviço ou numa empresa, ou mesmo num grupo mais r

Complicamos

Porque não somos simples? Complicamos tanto, o que podia ser tão simples, leve e até doce. Esteves Cardoso tem escrito uns textos fantásticos, sobre amizade e amor. Sobre o amor, não me lembro de ter lido algo mais belo, mais inteligente. Mas pessoas...nós complicamos tanta coisa mais. Vou provocar, é uma tentação. Quando o Homem "inventou" a Religião, estava já a meter-se em complicações, das quais nunca mais saiu. Se calhar com o amor ainda foi pior. A amizade, porém, parece tornar-se mais leve para todos nós. Mas se falarmos da que é desinteressada, que nos exige um cuidado contínuo, as complicações evitam-se se todos os interviestes tiverem uma atitude idêntica. E depende muito, umas e outras, relações amorosos ou amistosas, graduações de amor, no seu limite significativo, da fase da vida e de circunstância, exógenas, independentes da relação e sem o nosso controlo. E as relações familiares? Outro género de amor. Mais tensão, mais risco. Mas passa-se um pouco o

Livros e nós

Pensei...deixar este espaço em branco, por uns tempos e sumir. Pensei remeter-me a um tempo de ausência, que talvez o cumpra. Porque é apenas preciso. Não de reflexão, mas de ausência, de me retirar da minha presença constante, quando ela possa ser demais, ou quando alguma falta das palavras que por aqui escorrego, dê mais descanso a quem eventualmente leia. A nossa falta é necessária, mais vezes do que talvez quiséssemos. Mas um livro, um livro sem grande significado, mais do que entreter horas e carregar pálpebras até ao seu limite de saturação, um que havia deixado a meio, há uns meses, por ter páginas a mais num conteúdo significativo, empurrou-me para voltar aqui. Já volto a ele. Somos personagens, como as dos livros, com que os autores, os bons, vertem para nos ensinar, alertar, ou mesmo e só, entreter. Personagens, que as há tão cinzentas, que nem por serem tristes ou alegres, passam a ter cor. Há-as na vida. Vejo-as na política de hoje. Vejo pela Televisão, que me forço a não

A reclamação do Direito à Independência ou a União?

O referendo na Escócia tem levantado muitas questões e dividido opiniões. Absolutamente normal, tratando-se, a cisão ou independência de uma região, num país com séculos de união, de um tema fracturante, passe o pleonasmo. Mas o tempo em que isto acontece parece-me levantar outras questões e devia conduzir-nos a todos a uma reflexão mais cuidada. Há mais de três séculos que a Escócia é parte do Reino Unido. Mas nunca foi pacífica a relação, sentindo-se os escoceses, pelo menos parte deles, numa espécie de sujeição a um país que não é o deles. Falam inglês, mas também o gaélico escocês e o scots. Esta problemática linguística não terá tanta relevância, mas é comum a muitos países por toda a Europa, sendo mais marcante em Itália ou na Suíça, por exemplo. As perguntas que devíamos colocar são, a meu ver: Porque agora esta vaga pela independência, que assola não apenas a Escócia, mas também a Catalunha, para não mencionar ainda o País Basco, ou mesmo a Galiza?  Porque uma Europa qu

Tudo por cumprir

Há quem não viva quarenta anos. Tantos anos como esta espécie de Democracia por cumprir. Há quem viva o dobro disso e metade, viveu na esperança do fim da ditadura, à espera da Democracia, e outra metade a ver se ela seria, de facto, um regime de justiça equitativa, social, cultural, económica e politicamente (os quatro pilares da Social Democracia lançados por Sá Carneiro em 1974, tinha eu a idade do meu filho mais novo, quinze anos. Vivi esses momentos, do 25 de Abril, com uma alegria...que hoje me entristece recordar). O nosso regime foi tomado por falsos democratas, interessados em poder pessoal, em vaidade e vacuidades. Interessados num novo controlo do Poder, por um grupo por si dominado. Mário Soares, ao tomar o Poder, enganando a Democracia, e muita gente até fenecerem, instalou um controlo a todos os níveis próximo do antigo regime, vingando-se de Cunhal e de este nunca lhe ter dado espaço na luta contra a ditadura, ou depois, na instalação de um regime novo. Novo, mas pod

Gabor Mate: Toxic Culture - How Materialistic Society Makes Us Ill

Gabor Mate, húngaro de origem, canadense, sobrevivente ao holocausto, enquanto criança. Um pensador de inteligência penetrante e brilhante. Parece...até demais, mas vejam e oiçam muito bem. Pensem nos que conhecem, nas nossas sociedades, no que tem acontecido mesmo nas sociedades ditas mais evoluídas do mundo, onde nos inserimos na Europa. Num tempo em que sabemos que a inteligência humana atingiu um desenvolvimento, nunca antes conhecido? Quando as relações, as pessoas elas mesmas, contam menos do que o materialismo nas nossas sociedades. Mas deixem-me recordar que, normalmente, associamos materialismo apenas a aquisição, ou busca nesse sentido, por objectos, gadgets, bens em si mesmos, muitas vezes sem serem mesmo necessários. Materialismo inclui tudo aquilo que nos faz pormos pessoas, condição social delas, ou profissional, acima e em primazia, aos sentimentos, às simples relações, ao cuidado com os que interagem connosco, ao acompanhamento dos nossos queridos, amigos ou familia

Três momentos, de um só Momento

1. Um momento diferente, quando o tempo refresca, nestes dias curtos, em que o Sol começa a ser pouco demais para equilibrar ... São tantos os caminhos que visualizo ter percorrido, outros mais que gostaria de ter iniciado. Definitivamente, detesto a nostalgia, gosto de um Outono que comece num aconchego do pôr-do-sol dos românticos, leve, sem peso imaterial, um calor interior que vem da certeza de Invernos pouco sentidos, ainda que o ar fresco, ou gelado desperte para outras ex periências, uma perspectiva, enfim, de bons anúncios desse livro do Futuro, onde dizem termos algures o nosso nome. E que consigamos sempre lê-lo, ao lado de nomes nossos queridos. Gosto da ideia da formiga, da inteligência que conseguimos por nos dias, se ela nos servir para uma partilha com outras mais, caso em que todo o sentido de uma vida se preenche. Caso não, não... O Verão tem gente, multidões, cor, luz, animação. O tempo frio recolhe-nos, e desconfio não ser apreciador. O momento destes dias frescos ab

As escolhas, novamente. Sistema 1 e Sistema 2

Daniel Kahneman, eminente psicólogo, numa obra revolucionária, e estimulante: "Pensar depressa, pensar devagar", desenvolve os conhecimentos científicos mais actuais, sobre os conhecidos dois Sistemas da mente, duas formas de pensar, Sistema 1 e Sistema 2. "O Sistema 1 opera automática e rapidamente, com pouco ou nenhum esforço e sem sensação de controlo voluntário. O Sistema 2 distribui a atenção pelas actividades mentais esforçadas que a exigem, incluindo os cálculos complexos. As operações so Sistema 2 estão muitas vezes associadas à experiência subjectiva de actuação, escolha e concentração". (...) "Quando pensamos em nós mesmos, identificado-nos com o eu do sistema 2, consciente e racional, que tem crenças, faz escolhas e que decide o que pensar sobre as coisas e o que fazer. Apesar de o próprio Sistema 2 acreditar estar no centro da acção, o automático Sistema 1 é o herói do livro(...)" Se ligarmos esta teoria dos dois Sistemas da Mente ao que

Conversa com um comunista

No final de um dia mau, dirigi-me a Sintra, para reviver uma amizade com um amigo vinte anos mais novo, com uma formação académica exemplar e de alto valor, desempregado, uma simpatia de pessoa, além de um querido amigo ...surgiu-me uma conversa com um jovem recém-licenciado em Antropologia, comunista convicto e ortodoxo, que nem sei como se alguém se tornar ainda hoje um defensor dogmático, num mundo onde as certezas se abatem a cada dia. O meu amigo afastou-se, impaciente com estas conversas estafadas de tanto dogma e força de convicção, numa ideologia morta e num tempo errado. Vive, como muitos mortais que conheço a alimentar um virtuosismo dualista, direita-esquerda, que tantos adoram alimentar. Tentei, como tento sempre, explicar o meu ponto de vista, sobre a desnecessidade, o irrealista e anacronismo de tal visão, dual e limitada, estreita para um mundo que deu milhões de voltas desde 1789. Mas isso, sei-o bem, só um dia quando ressurgir um novo ideólogo consistente e respeit

Herança desbaratada?

Jared Diamond, um autor que sempre se destacou da multidão de escritores pouco inteligentes e normais "de mais", escreveu três obras fundamentais para o nosso entendimento da evolução das culturas do mundo, e o que daí podemos inferir. "Armas, Germes e Aço" (que tenho de reler, confesso), "Colapso" e "O Mundo até Ontem". A primeira, discorre de forma muito profunda sobre a procura do entendimento quanto à evolução assimétrica do mundo, ocidental- europeu-e os outros. A segunda, sobre as razões do colapso de diversas sociedades, uma obra que ainda hoje me impressiona, mais pelo que ainda pode acontecer, do que pelo no passado sucedeu (o desaparecimento da civilização da Ilha de Páscoa, com a deflorestação, o risco social sempre iminente de uma Islândia, algumas zonas outrora prósperas dos Estados Unidos, hoje praticamente as mais pobre ...e, pergunto-me, se não estaremos a assistir a este nosso próprio colapso em Portugal e um pouco pela Europa,

A vida pela metade

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A Vida pela Metade. É o título de um livro, de Anabela Mimoso, que nunca li, nem faço a mínima ideia de que versa. Mas este título sempre me sugeriu muitas situações e experiências que tenho observado. Chegar a "metade da vida", algures pelos quarentas, ou mais de metade, pelos cinquentas, e sentir claramente que não se teve a vida...que se queria. Vi, vivi e confirmei com muitos amigos meus. Talvez consiga afirmar que alguns, antes mesmo do "meio da vida", a tenham tido quase toda, assim num concentrado, diria, quase exótico, de sucesso, felicidade, tranquilidade e esperança no futuro. Mas quando me meto a pensar, a escrutinar a memória, a passar em revisão grande parte dos meus amigos e familiares, chego a conclusão oposta. Frustração profissional, insucesso, frustrações sentimentais, e restam afinal, alguns bons e fundamentais amigos. Ainda bem, que esse "resto" não se revela algo na margem da nossa vida, mas acaba por ser o que nos acompanha at