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A mostrar mensagens de outubro, 2014

Passos e o jornalismo

Já li vários comentários de jornalistas que se indignaram com as palavras de Passos Coelho, que os apelidou de preguiçosos e patéticos. Compreendo os jornalistas. Embora até concorde com Passos, em relação a alguns deles, os famosos vendidos ao clube de esquerda, preguiçosos não na investigação jornalística, mas no simples exercício mental. Ao contrário de Soares o raivoso e triste pseudo-democrata, penso que a defesa cerrada de um clube, sem interrogações pessoais, denota muita preguiça mental e muita, demasiada, ignorância sobre o que hoje acontece no mundo. Mas obviamente que Passos se tornou mais patético do que já era, ao afirmar o mesmo sobre os jornalistas.  No entanto, preocupa-me bem mais um outro aspecto desta novela, que os jornalistas normalmente adoram alimentar. Não sendo exclusiva deles esta atitude, pois quase sempre uma classe se defende desta forma, quando acha que se deve sentir deontologicamente ofendida. O que é outra forma de ridículo. Dou de barato a exi

A Energia da Europa

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A União Europeia fundou-se no princípio de livre circulação de mercadorias (e pessoas) e na cooperação económica geral entre os Estado Membros. Desde a ideia inicial e a fundação, que partiu da CEE e das outras comunidades da altura, como a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, houve uma crescente complexidade de regulamentações, de crescente burocratizarão do espaço europeu, mas muitas vertentes ligadas à actividade económica se mantiveram com poucas, ou não muito significativas alterações. Um espaço económico da dimensão da Europa, o maior mercado do mundo, o maior exportador mundial, no conjunto dos países da UE (onde a Alemanha foi até há pouco o maior país exportador mundial, recentemente ultrapassado pela China), outrora a zona mais importante de produção mundial, não se percebe porque não avançaram mais as políticas de coordenação energética, no sentido de mitigar a dependência do exterior, que é a maior em todo o mundo. Dentro em pouco, um a dois anos, no caso de Angola,

Um adeus sem saudade

Deixou-nos à pressa, mas, no momento, até nos sentimos lisonjeados, ainda que um tanto órfãos, por passarmos a ter um "português na Europa". Sabíamos muito pouco das suas ideias, na altura, embora desconfiássemos do vazio. Chegámos a pensar que, uma vez num lugar de tal destaque, não sabíamos se de impacte real, talvez pudéssemos ver algum benefício da sua nova função. Durão Barroso foi um desses políticos que passaram por diversas funções e, como a comida sem sal, ficamos sem saber se nos faz bem, se é mesmo essencial, ou se apenas é um desprazer para os sentidos. De cada vez que falava, a expectativa inicial se gorava, a sensação de peixe sem sal aumentava. Se perdêssemos uns minutos, preciosos para coisas verdadeiramente importantes, a reflectir no que dizia, e, mais, no que podia estar a fazer, a sensação de vazio era acentuada. Era uma reflexão sobre o mais normal, sem rasgo algum, dos políticos dos últimos anos. Uma mediocridade que se alcandorara a grandes voos, mas

Diversos...e pouca paciência

Como eu adoraria não pensar mais na política portuguesa e europeia. Ou escrever sobre isto. Mas parece-me sempre impossível ficar passivo perante os disparates, exageros, inverdades e o prosseguimento deste caminho de suicídio colectivo. Comentários soltos: Durão Barroso fez o auto-elogio na despedida. Por cá, houve quem se regozijasse pela sua actuação nestes dez anos, ou apenas por termos tido um português na Europa. Por mim, não. Acho que Barroso é um político medíocre, um vaidoso sem razão para tal. Para mim, ainda há outro aspecto, que aos portugueses em geral não agrada. Não defendo um português apenas por essa condição. Mal comparado, faço o mesmo com os produtos made in Portugal. Defendo que a qualidade, que nunca é absoluta, tem, apesar disso, uma qualidade perceptível intrínseca, que merece defesa. O resto não. O mesmo com as pessoas. E é uma análise difícil, subjectiva e sujeita a erros grosseiros. No caso, Barroso, é um político muito fraco, se se pode chamar de políti

Raízes culturais europeias

É comum ouvirmos dizer das raízes cristãs da Europa. Um dos aspectos comuns, em todas as diferenças que distinguem os povos e culturas da Europa. Não é falso. E não é totalmente verdade. Antes do Cristianismo já havia Europa. Mas algum cristianismo pretendeu introduzir uma falsa realidade, dando a ideia de que antes dos Cristãos, os povos eram menos civilizados, menos organizados e estavam constantemente em guerras, não evoluíam socialmente. Eram "bárbaros". Este termo, usado para indicar pejorativamente, um povo não civilizado, não evoluído no sentido das modernas sociedades, é de origem grega e tinha exactamente o significado de "quem não é grego, é bárbaro. Era um sentido pejorativo, mas de acepção diferente da que mais tarde foi usada pelos cristão, sem qualquer razão. Os gregos sentiam-se efectivamente superiores, uma civilização incomparavelmente mais organizada. Mas é positivo olharmos para essa antiga civilização, considerada o berço da humanidade civilizada, e

Lixo

Todo o nosso corpo consome nutrientes, água e energia. E também produz. E produz lixo, em cada canto do nosso corpo. No cérebro também. O cérebro consome 25% de toda a energia que temos como reserva, e pesa apenas 2% de toda a massa corporal. http://www.ted.com/talks/jeff_iliff_one_more_reason_to_get_a_good_night_s_sleep?utm_source=newsletter_weekly_2014-10-18&utm_campaign=newsletter_weekly&utm_medium=email&utm_content=talk_of_the_week_button#t-553079 O cérebro funciona a partir de uma química especial, desenvolvida com a evolução humana, para o seu próprio funcionamento, que nos permite armazenar não apenas os pensamentos por nós gerados, mas muito, imensamente mais: o que herdámos culturalmente (os memes que nos foram transmitidos, desde gerações de progenitores que desconhecemos, até aos conhecidos deles, que com eles interagiram. Somos efectivamente um animal social. Somos feitos do que por nós fizemos, e do que todos os que conhecemos e não conhecemos, antes de n

La bella musica romantica

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A música romântica, no sentido sentimental (chamo-lhe música romântica, mas quem ouvir isto vai essencialmente ouvir uma beleza grandiosa, que o génio humano elaborou de forma magistral...é preciso sentar-se ouvir com muita, muita atenção, principalmente a Chaconne da 1004 de Bach e o Rachmaninov), não no artístico, tem, para mim, significados diferentes, consoante o compositor. Gosto imenso de Chopin, mas as sua música é, em boa parte, de um romantismo doce, mas triste. Nostálgico. Nada saudável para se ouvir em momentos de tristeza, ou de saudade. Gosto de Schubert, mas inspira-me alguma coisa do que ele foi, com uma vida tormentosa, apesar de tudo menos do que um Schumann, vítima de assédios suicidas, de desesperos sem solução, de amores não correspondidos. Sente-se muito na sua música. Tudo isto é excelente. Em qualquer momento, claro que sim. Mas o nosso estado de espírito não é igual a todo o instante. E mesmo quando se trata de apreciar, em momentos de muito boa di

E se houvesse uma Terceira Grande Guerra na Europa?

Hoje homenageiam-se os mortos da Primeira Guerra Mundial. Lembrou-me alguns textos que li, em que se põe a hipótese remota, mas talvez mais próxima de uma Terceira Guerra deflagrar na Europa. O cenário político actual é diferente do que conduziu à Primeira e ao que levou à Segunda Guerra, mas talvez as condições não sejam propriamente de paz e estabilidade. Em vários países europeus, há ameaças a esta paz, com discursos chauvinistas, nacionalistas e algo violentos, como os de Le Pen e da sua filha. Cada vez mais próximos do Poder.  Se um dia em França, Le Pen e os seus nacionalistas chegam ao Poder, que pensamos que pode acontecer? Se na Alemanha se alterar muito o equilíbrio de Poder, voltando um pouco à esquerda, em contraponto com a extrema-direita francesa (para usar a nomenclatura que muita gente gosta e eu considero irrelevante, porque falsa e anacrónica), poderá haver ameaça à Paz, novamente? E não esqueçamos a Rússia ainda comunista, do louco Putin. Um ditador com sede de gu

Economistas?

António Costa quer reunir com Economistas para discutir as soluções para o país. Evidencia várias coisas, ao anunciar esta "novidade". Primeiro, que nem ideia tem sobre o que fazer. Fácil foi mandar argumentos para o ar, mas nunca os fundamentar. Segundo, que irá repetir a eterna receita dos anteriores governantes: consultar economistas (nada tenho contra a classe, sendo eu próprio sempre interessado em temas sobre economia). Terceiro, que assim nos demonstra que, como outros, considera ser a Economia o motor de um país (oiço um coro imenso...mas o homem está doido? Claro, sem economia...e associam economia a dinheiro e a gestão deste a...economistas. Enfim, perda de tempo por-me a explicar. Quarto, que assim procedendo, não considerará que a Economia deve servir a Sociedade, donde devia consultar sociólogos, antropólogos, psicólogos e historiadores. Riam...depois da receita se tornar, de novo, patética, com economistas a afiar as unhas para que a sua opinião faça manchete nu

Sobre o amor...

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Sinceramente, sobre o amor que há a dizer? O Esteves Cardoso ( antes dele Alain de Boutin já tinha escrito um excelente ensaio, mas prefiro usar produto nacional, segundo o douto conselho do nosso douto Presidente) já disse tudo por nós (falhou uma coisinha, mas sem importância de maior, para a maioria dos "maiores" de nós). E nós todos já dissemos, uns aos outros (não exageremos), mais de uma vez, ou com impressionante frequência. Esteves Cardoso disse, num texto que já todos lemos, e alguns viram mas acharam lamechas ler sobre amor, que já não amor como dantes. Que não tem paciência para os "amores modernos". Mais ou menos isto. E depois disto, que mais se podia dizer? Que amor e paixão são a mesma coisa em fases diferentes? Ninguém vai nesta. Que se pode amar, sem ser amado? (o meu pai dizia, belo gozão que era...que isso era o mesmo que "limpar o cu, sem ter...opsss). Não serve para nada, mas acontece. Acontece? Que amar, agora plagiando Esteves Card

A entrar num caminho sem saída

Espero que a chuva de hoje tenha lavado algumas mentes. Não as dos políticos, desses acho que poucos esperam alguma coisa. Mas dos que o podem ser. Em todo o caso, alternativas a tempo de próximas eleições também não existem. Ou seja, estamos a entrar num caminho sem qualquer saída, pelo menos por alguns anos. Podem ser tantos, quantos os de uma legislatura. Ou menos se as tempestades se agravarem. Por enquanto, porém, estas são graves, mas apenas naturais, alteradas pela surdez e estupidez humana, a tantos avisos sobre profundas e catastróficas alterações climáticas (poderá também haver pouco a fazer, neste âmbito, mas deve ser sempre feito). Ao fim destes anos de Troika e Austeridade, que o Governo quis imprimir um pouco por excesso, não fora já excessiva e despropositada em si mesmo esta ideia peregrina de fazer um povo inteiro, já pobre, empobrecer mais, mas permitindo a ricos, com a ideia, nada peregrina, porque muito intencional, manterem ou aumentarem a sua riqueza (no que con

Europa e Estados Membros

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Marcelo Rebelo de Sousa expôs muito bem parte dos problemas da Europa actual. Também Luis Amado. Mas a meu ver faltou falar de um grande problema europeu: profunda desigualdade entre Estados Membros e dentro de cada um deles.  Mas Rebelo de Sousa referiu alguns aspectos, sobre alguns Estados (mas havia mais a referir) de grande importância, pela negativa, na recuperação da Europa, que nem chegou a ser construída ainda. Antes disso, uma referência e uma dúvida: não estou certo da importância de um Governo europeu, um Governo económico como designaram os intervenientes neste encontro da Plataforma para o Crescimento Sustentável. Entendo, do ponto de vista económico e fiscal. Mas não estou muito convicto ainda. É um processo complexo, onde apenas teoricamente podemos vislumbrar alguma eficácia, ou muita, por paralelos despropositados que se fazem com os Estados Unidos.  Marcelo Rebelo de Sousa referiu então, os problemas políticos marcantes e preocupantes em diversos países.

"Tem de haver saída"...mas há?

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O que se repete na cabeça de muitos portugueses, dos ainda optimistas, dos convictos optimistas, é provavelmente uma frase, sobre as nossas possibilidades de recuperação como país: "tem de haver saída" para "isto". E o "isto" é a crise, económica, social, financeira, e muito, muito política. Estamos fartos de um Governo que nos deu cabo das vidas, mesmo conscientes de que alguma austeridade, ou muita, não sei quantificar, mas acho que poucos saberão, ou talvez mais rigor do que austeridade, seria necessária. Estamos fartos, ultimamente, de um Governo que nos pretendeu passar uma imagem de rigor, de independência dos habituais interesses de empresas privadas e sociedades de advogados (como pode um país dizer-se livre se em grande parte é refém, internamente de...meros advogados? Que só não serão "meros advogados" se dermos importância às suas fortunas), e agora nos dá a imagem de que suspeitávamos, de incompetência. Temos a Justiça, para a

Carácter e processo de Decisão

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."A tomada de decisão humana segue três processos básicos. Primeiro, percebemos a situação. Segundo, usamos o poder da razão para calcular se tomar esta ou aquela acção é do nosso interesse de longo prazo. Terceiro, usamos a força de vontade para executar a decisão" (in "O animal social" de David Brooks) Nestes processos, sofremos a influência, como já se sabe, do Consciente e do Inconsciente. E a nossa experiência, o nosso meio, a cultura pessoal (refiro-me à herança cultural familiar e a "memes" culturais herdados de fora do meio familiar e também do seu interior), as necessidades do momento...e mais factores podem influenciar a decisão. Mas pode haver decisão e nunca haver execução de uma acção. A percepção, o primeiro passo, não é um mero meio de interiorização. É um processo de raciocínio e que exige habilidade. Há pessoas que percebem, que têm mais habilidade, melhor do que outras, e desenvolveram com o tempo essa capacidade decisiva. As pessoas

Um novo Paradigma para a Democracia (III) - Educação

Portugal já foi um dia considerado a "primeira aldeia global", numa obra muito bem estruturada e escrita por Martin Page. Esta globalização à portuguesa, foi efectivamente pioneira, e quase com cem anos de avançai em relação a Espanha, e muitos mais, se pensarmos no Reino Unido, Holanda e França. Depois...Portugal foi adormecendo. Por essa época, que ainda durou muitas gerações, Portugal dominava uma tecnologia, a navegação de alto mar e logo curso. Dominava ainda o comércio de novos produtos, que fez divulgar e expandir pela Europa. Por esses dias, Portugal tinha os maiores banqueiro da Europa, a quem a maiores casas reais pediam crédito. Eram de origem judaica, pois...mas portugueses. Perdendo o domínio de uma tecnologia, relevante para outros, à escala global, perde-se uma hegemonia e uma liderança, que traz consigo visibilidade, respeito internacional e riqueza. Passou essa época, como antes outros a haviam vivido, os Fenícios, os Gregos, os Árabes, e passou o tempo d

Desigualdade: o maior obstáculo ao desenvolvimento

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Portugal era há uns anos um país com um equilíbrio social mais coeso do que os Estados Unidos. A desigualdade, na remuneração de cada indivíduo, na sociedade americana sempre das piores a nível mundial, exceptuando países onde o desenvolvimento ainda é uma miragem, como a esmagadora maioria dos países africanos e muitos da Ásia e América do Sul (quase todos). Na Europa, o Reino Unido era e continua a ser o país com maior desigualdade. A Noruega o que menos desigualdade tem entre os que ganham mais e os que ganham menos. Pelo mundo, juntam-se nos lugares cimeiros, com menos desigualdade, a Austrália, o Canadá, a Áustria, o Luxemburgo. A análise dos factores que conduzem a esta desigualdade não é linear, nem pode ser conduzida da mesma forma em todos os países. Mas o resultado é o mesmo: um número ínfimo de pessoas, num país, detém quase toda a riqueza do mesmo. Na China, são menos de 01,% a deter mais de 90% da riqueza produzida por lá. Nos EUA esses 0,1% detém mais de 80%, quase 90

Cultura e Civilização europeias

Versar sobre este tema é um risco enorme. Definir cultura europeia, implica fazer uma diferenciação em relação a outras culturas, ou civilizações, japonesa, árabe (se identificarmos uma apenas...), chinesa, etc. Uma tarefa muito arriscada. Por simplificação, muitos intelectuais identificam a cultura e civilização europeias, num dos seus "parâmetros" mais comuns: o cristianismo. Mas é muito redutor. E contraditório. Se aceitarmos o cristianismo como pilar comum da Europa e da sua cultura, devemos  relegar para um plano menor o multiculturalismo europeu, que carrega consigo, também, a pluralidade religiosa. E, então, teremos de aceitar o princípio democrático, que a meu ver não se aplicas tudo, de que ganha a maioria. O mesmo é dizer, ignoramos outras culturas, mesmo opostas ao cristianismo como fonte inspiradora de uma civilização. Também, ao aceitarmos o cristianismo como pilar fundamental, teremos de confirmar que antes de Cristo...não consideramos existente uma cultura comu

Raciocínio redutivo e sistemas emergentes: tentar compreender o mundo, e quem nele vive

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Ao longo da História, temos tentado compreender o mundo através do raciocínio Redutivo. O tipo de raciocínio próprio da ciência, nos seus primórdios, pelo menos. Dissecando um todo nas suas partes, tentando entender o todo, pela compreensão das partes. Mas é um raciocínio limitado, redutor em si mesmo. Traz consigo uma dificuldade, de entender o complexo, o ser humano, uma realidade dinâmica, uma sociedade. Os sistemas emergentes surgem quando elementos diferentes se juntam e formam alguma coisa maior do que a soma das partes. As partes e peças de um sistema, ao interagirem produzem, emerge, algo inteiramente novo. Um exemplo simples: os sons e as sílabas juntam-se e produzem algo, uma história, emocionalmente poderosa, irredutível às suas componentes. O cérebro é um sistema emergente. Um neurónio por si só não nos dá a imagem de um objecto, mas a acção de milhões deles, que criam uma coisa, nova e impossível de se prever pela soma das acções de cada um deles. Um carácter hum